O Brasil está em rota acelerada rumo a um colapso fiscal sem precedentes, previsto para ocorrer até 2027 — e talvez até antes. Essa não é mais uma análise alarmista ou especulativa. É uma constatação que começa a ser admitida até mesmo pelos próprios economistas que apoiaram as decisões políticas desastrosas dos últimos anos. Nomes que, antes, defendiam uma escolha eleitoral supostamente mais “civilizada”, hoje admitem o caos instaurado pela condução irresponsável da economia.
É o caso de Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, que recentemente declarou que o Brasil está caminhando para um colapso fiscal. A afirmação pode parecer drástica, mas reflete uma realidade que se desenha a olhos vistos. O país enfrenta uma tempestade perfeita: aumento contínuo de gastos públicos, inflação descontrolada, uma carga tributária sufocante sobre quem realmente produz, e um governo que age movido por interesses políticos imediatistas, e não por compromisso com o futuro da nação.
O que é um colapso fiscal?
Um colapso fiscal acontece quando o Estado perde completamente sua capacidade de gerir suas contas. Isso significa que o governo não consegue mais arrecadar o suficiente para pagar sequer os juros da dívida pública, tampouco consegue emitir títulos com credibilidade ou manter serviços essenciais funcionando. A economia entra em espiral negativa, a confiança se dissolve e o caos se instala.
Essa previsão, cada vez mais realista, é reflexo direto das decisões adotadas pelo atual governo, que parece estar focado única e exclusivamente na reeleição, mesmo que isso signifique sacrificar o futuro do país.
A análise é clara: o atual chefe do Executivo já percebeu que a possibilidade de reeleição é incerta. Diante disso, em vez de frear os gastos e tentar recuperar a responsabilidade fiscal, a aposta é contrária — gastar ainda mais, empurrando a conta para o próximo presidente. Uma estratégia que visa garantir apoio político momentâneo, mas que cobra um preço altíssimo da população em médio e longo prazo.
A máquina pública está sendo inchada sem qualquer controle. Os gastos com emendas parlamentares, subsídios, programas sociais inflados por objetivos eleitorais e a expansão contínua da burocracia estatal criam um buraco fiscal que se torna cada vez mais difícil de contornar. Não há corte, não há contenção. Só há expansão.
E quando se fala em cortes, as propostas que surgem de alguns setores beiram o absurdo. Armínio Fraga, por exemplo, defendeu congelar o salário mínimo por seis anos. Isso não resolve nada. Na verdade, só escancara a falência do modelo atual. O problema não é o salário mínimo em si, mas sim o fato de que o Estado utiliza essa ferramenta de forma ineficiente e injusta. Ele serve mais para atender interesses de castas privilegiadas do funcionalismo público e de setores já garantidos do que para garantir dignidade aos mais pobres.
A substituição do teto de gastos pelo chamado “arcabouço fiscal” foi tratada como uma medida de controle responsável das finanças públicas. Na prática, virou letra morta. O novo mecanismo não possui qualquer penalidade real em caso de descumprimento. Não há responsabilização, nem punição. A única consequência prática para o presidente da República, caso estoure o limite de gastos, é escrever uma carta para o Congresso pedindo desculpas. Isso não é seriedade fiscal. Isso é zombar do povo brasileiro.
A ausência de mecanismos reais de controle e punição transforma o arcabouço em um simples documento decorativo. Ele não tem eficácia, não impõe limites, não oferece segurança aos investidores e muito menos ao cidadão que depende dos serviços públicos.
O antigo teto de gastos, apesar de suas falhas e contornos durante a pandemia, ainda era uma ferramenta que impunha algum nível de controle sobre as despesas. Retirá-lo foi como arrancar o freio de mão de um carro desgovernado ladeira abaixo. E agora, sem esse freio, a irresponsabilidade se expande de forma desenfreada.
O resultado? Um Estado que gasta muito, arrecada mal e, principalmente, cobra demais de quem trabalha e produz. Quem sustenta esse sistema não é o político de Brasília, nem o burocrata nomeado, nem o servidor aposentado com salário integral. Quem paga a conta é o brasileiro comum, o empreendedor, o trabalhador da iniciativa privada, o pequeno empresário. A metade produtiva do país está sendo sufocada.
Um ponto fundamental do debate econômico atual é o papel do salário mínimo. A ideia de que ele protege os mais pobres é uma ilusão confortável, mas falsa. Na prática, o salário mínimo impõe uma barreira de entrada no mercado formal, excluindo milhões de trabalhadores informais, autônomos e empreendedores. Além disso, impacta diretamente o orçamento público, pois influencia os benefícios previdenciários e os reajustes automáticos de várias categorias do funcionalismo.
Trata-se de uma política que, no final das contas, favorece castas privilegiadas e onera os cofres públicos, contribuindo para o rombo fiscal. É hora de pensar seriamente na reformulação desse modelo, com foco em liberdade econômica, desburocratização e inclusão real das pessoas no mercado de trabalho.
A previsão de que o Brasil entrará em colapso fiscal até 2027 pode ser, na verdade, otimista. A deterioração das contas públicas é tão acelerada que é possível que esse colapso se antecipe. Estudos já mostram que, em 2027, toda a margem do arcabouço fiscal estará comprometida com gastos obrigatórios. Isso significa que o governo não terá recursos sequer para manter áreas essenciais como segurança, agricultura ou tecnologia.
A situação é crítica. Os recursos já estão faltando. E não há qualquer sinal de mudança na condução política e econômica atual. O governo aposta todas as suas fichas em manter os aliados satisfeitos, ampliar os programas populistas e garantir votos a qualquer custo. O futuro do país é secundário nesse jogo.
A grande verdade é que o atual mandatário sabe muito bem do cenário desastroso que está criando. Mas isso pouco importa. Do ponto de vista político, o cálculo é simples: se conseguir se reeleger, terá mais quatro anos para beneficiar aliados e manter o controle do poder. Se não conseguir, deixa um presente envenenado para o próximo governo.
Trata-se de uma estratégia perversa e egoísta. O interesse público foi completamente abandonado. O Brasil está sendo conduzido por uma lógica eleitoral de curto prazo, ignorando as consequências irreversíveis para a estabilidade fiscal e social da nação.
A inflação será, sem dúvida, um dos fatores decisivos nas eleições de 2026. E o governo sabe disso. Mas aqui entra o dilema: para controlar a inflação, seria necessário cortar gastos, frear a máquina pública, agir com responsabilidade. Isso, no entanto, traria custos políticos imediatos — perda de apoio, queda na popularidade, desgaste com aliados.
Portanto, a opção adotada é continuar gastando, inflar a economia artificialmente, postergar os problemas e torcer para que a bomba só exploda depois das eleições. É uma aposta arriscada, mas que segue a lógica do oportunismo político: se ganhar, ótimo. Se perder, o prejuízo é de quem vier depois.
A situação do Brasil guarda semelhanças preocupantes com o que acontece nos Estados Unidos sob a administração Biden. Lá, o aumento generalizado de preços já compromete seriamente a popularidade do presidente. Aqui, o caminho é semelhante: inflação, perda de poder de compra, desorganização fiscal. E como lá, também se percebe a tentativa de empurrar a culpa para o passado, em vez de enfrentar o presente.
O paralelo vai além da economia. Existe também a tentativa de criar uma figura substituta, caso o governante atual não consiga se manter competitivo. A chamada “baidenização” pode levar a movimentos semelhantes por aqui, com nomes alternativos surgindo para tentar salvar o projeto de poder em caso de esgotamento da imagem do atual presidente.
Ao final de tudo, resta uma pergunta: quem vai pagar por essa lambança? A resposta é simples e cruel: o povo brasileiro. Não será o governo, não serão os aliados políticos, não serão os empresários amigos do poder. Será o cidadão comum, que verá sua qualidade de vida despencar, que enfrentará inflação, recessão, desemprego, e que terá que sustentar com impostos um Estado falido.
A crise que se anuncia é uma tragédia anunciada. A inação, a incompetência e o oportunismo político estão empurrando o Brasil para o abismo. E se nada for feito agora, o futuro será ainda mais sombrio.