A partir de 31 de março de 2025, os brasileiros enfrentarão mais um golpe no orçamento doméstico: o aumento de até 5,06% nos preços dos medicamentos, autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed). Este reajuste, embora esperado anualmente, levanta sérias questões sobre a sensibilidade e a prioridade do governo atual em relação às necessidades básicas da população.
Em um país onde a saúde pública já enfrenta inúmeros desafios, a decisão de permitir tal aumento nos preços dos remédios soa como um descaso com aqueles que dependem de medicamentos para tratamentos contínuos. Muitos brasileiros, especialmente os idosos e portadores de doenças crônicas, terão que arcar com despesas ainda maiores para manter sua saúde em dia. O governo, ao invés de buscar alternativas para minimizar o impacto financeiro sobre esses cidadãos, opta por medidas que apenas agravam a situação.
A justificativa para o reajuste está atrelada à inflação acumulada no período. No entanto, é válido questionar: por que, em um cenário econômico já tão desafiador, o governo não implementa políticas que protejam os consumidores desses aumentos? A resposta parece residir na falta de vontade política e na priorização de interesses que não são os da maioria da população.
Além disso, a transparência das decisões governamentais é questionável. A população é frequentemente pega de surpresa com anúncios de reajustes, sem um diálogo prévio ou explicações claras sobre os critérios adotados. Essa falta de comunicação eficaz apenas aumenta a desconfiança e o descontentamento com as ações do governo.
Outro ponto crítico é a ausência de medidas compensatórias. Se o aumento nos preços dos medicamentos é inevitável, por que não implementar políticas que amenizem seu impacto? Subsídios, ampliação de programas de distribuição gratuita de remédios ou incentivos fiscais para farmácias que mantêm preços acessíveis são algumas das alternativas que poderiam ser consideradas. No entanto, o governo parece alheio a essas possibilidades, deixando a população à mercê das oscilações do mercado.
A comparação com outros países também é pertinente. Nações com economias igualmente desafiadoras têm adotado estratégias para controlar os preços dos medicamentos e garantir o acesso da população aos tratamentos necessários. O Brasil, contudo, parece seguir na contramão, permitindo aumentos que comprometem a saúde financeira e física de seus cidadãos.
É importante destacar que a saúde é um direito constitucional. Ao permitir aumentos sucessivos nos preços dos medicamentos sem oferecer alternativas viáveis, o governo desrespeita esse direito e coloca em risco a vida de milhões de brasileiros. A priorização de interesses econômicos em detrimento do bem-estar da população é uma escolha política que merece ser amplamente debatida e contestada.
Diante desse cenário, a mobilização social se torna essencial. É preciso que a sociedade civil, organizações não governamentais e demais entidades pressionem o governo por medidas que garantam o acesso universal e igualitário aos medicamentos. Afinal, a saúde não pode ser tratada como uma mercadoria sujeita às leis do mercado, mas como um direito fundamental que deve ser assegurado a todos.
Em suma, o aumento de até 5,06% nos preços dos medicamentos a partir de 31 de março de 2025 é mais um reflexo de um governo desconectado das reais necessidades da população. Enquanto medidas efetivas não forem adotadas para proteger os cidadãos dos impactos financeiros na área da saúde, continuaremos a testemunhar o agravamento das desigualdades e o comprometimento da qualidade de vida dos brasileiros.