EUROPA fecha CONTRATO para LANÇAR em 2030 REDE de SATÉLITES muito INFERIOR a STARLINK mas MAIS CARO

O programa Iris 2, da União Europeia, é o segundo projeto da região voltado à criação de uma constelação de satélites. O objetivo é desenvolver uma alternativa à Starlink, da SpaceX, de Elon Musk. No entanto, este programa europeu é consideravelmente mais modesto do que o americano e tem um foco específico em segurança e comunicações governamentais, em vez de oferecer internet de forma ampla para o público em geral.

O ponto central do Iris 2 é estabelecer uma rede de satélites voltada para os países da União Europeia. O projeto visa fortalecer a soberania digital da Europa, garantindo que governos e instituições europeias não dependam exclusivamente de empresas como a SpaceX para suas comunicações em momentos de crise ou tensões geopolíticas. Essa preocupação surge, em parte, devido ao papel crucial da Starlink em conflitos como a guerra na Ucrânia, onde o sistema de satélites da SpaceX foi fundamental para restabelecer comunicações e garantir acesso à internet.

Apesar dessas preocupações, há uma série de razões que tornam o Iris 2 menos competitivo em comparação à Starlink. Para começar, o programa europeu ainda está em estágios iniciais. Embora a União Europeia tenha assinado contratos e anunciado o projeto, os primeiros satélites só deverão ser lançados em 2028, e o sistema completo está previsto para estar operacional apenas em 2030. Em contrapartida, a Starlink já possui milhares de satélites em órbita e oferece serviços de internet de alta qualidade em várias regiões do mundo.

O Iris 2 contará com cerca de 260 satélites, muito menos do que os mais de 4.000 satélites já lançados pela Starlink, com planos de expansão para mais de 12.000 no futuro. Essa diferença numérica impacta diretamente a capacidade e a eficiência dos sistemas. A Starlink utiliza satélites em órbita baixa, o que reduz a latência e melhora a qualidade do serviço. Isso é crucial para aplicações como jogos online e comunicações em tempo real. Em contrapartida, o Iris 2 adotará uma abordagem “multicamadas”, com satélites em diferentes órbitas. Embora isso permita uma maior cobertura, também resulta em maior latência para satélites de órbita mais alta, o que pode comprometer a experiência do usuário em algumas situações.

Outro aspecto é o custo. O Iris 2 foi orçado em aproximadamente 10 bilhões de euros, uma quantia significativa, especialmente considerando que o sistema é voltado primariamente para aplicações governamentais. Em contraste, a Starlink tem como público-alvo tanto governos quanto consumidores, com um modelo de negócios que já gerou uma base de clientes global.

Essa situação reflete a tendência de muitos governos e instituições de tentar desenvolver soluções próprias em vez de depender de fornecedores privados. Embora isso seja compreensível sob a perspectiva de soberania e segurança, muitas vezes esses projetos acabam sendo mais caros e menos eficientes. A história está repleta de exemplos de iniciativas governamentais que falharam em competir com o setor privado em termos de inovação e eficiência.

Na prática, o maior desafio para o Iris 2 não será apenas a concorrência com a Starlink, mas também com outros projetos que estão surgindo. A Amazon, por exemplo, está desenvolvendo sua própria constelação de satélites, conhecida como Projeto Kuiper, que promete competir diretamente com a Starlink. O Projeto Kuiper também visa fornecer internet de alta velocidade e baixa latência, com lançamentos previstos para os próximos anos. Além disso, a China também tem planos ambiciosos para criar sua própria rede de satélites, o que aumenta ainda mais a concorrência no setor.

No caso do Brasil, a dependência da Starlink é um exemplo claro de como soluções privadas podem superar alternativas governamentais. A Starlink já é amplamente utilizada em regiões rurais e remotas do país, onde a infraestrutura tradicional de telecomunicações é limitada ou inexistente. Isso criou uma situação curiosa em que muitas das atividades do agronegócio brasileiro dependem diretamente do serviço oferecido por Elon Musk. Apesar disso, algumas iniciativas locais e governamentais tentaram buscar alternativas, mas nenhuma se mostrou tão eficaz quanto a Starlink.

É importante destacar que a qualidade da Starlink vai além da simples conexão à internet. Por exemplo, na guerra da Ucrânia, a rede de satélites desempenhou um papel vital ao fornecer comunicação em áreas onde as infraestruturas terrestres foram destruídas. Além disso, a rapidez com que a SpaceX conseguiu enviar equipamentos para a Ucrânia durante os primeiros dias do conflito demonstra a flexibilidade e eficiência de empresas privadas em comparação com soluções governamentais mais lentas e burocráticas.

Voltando ao Iris 2, é evidente que ele tem um papel importante no contexto europeu, mas não se posiciona como uma alternativa global à Starlink. O foco do programa é atender às necessidades específicas da União Europeia em termos de segurança e defesa. Isso inclui garantir comunicações seguras e independêntes para os governos europeus, o que é relevante em um momento de crescentes tensões internacionais.

Contudo, ao comparar o Iris 2 com a Starlink, é importante entender as diferenças fundamentais em seus objetivos e capacidades. A Starlink é projetada para ser uma solução global de internet, acessível a indivíduos e empresas em qualquer lugar do mundo. Em contraste, o Iris 2 é voltado para aplicações governamentais e provavelmente não estará disponível para consumidores individuais. Além disso, a escala e o nível de desenvolvimento da Starlink colocam a SpaceX em uma posição muito à frente dos concorrentes, pelo menos no curto prazo.

Em resumo, enquanto o Iris 2 representa um esforço significativo da União Europeia para fortalecer sua soberania digital e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, ele não é uma alternativa direta à Starlink. O sistema europeu é mais limitado em escala e escopo, com um foco específico em aplicações governamentais. Já a Starlink continua sendo a solução mais avançada e amplamente utilizada no setor de comunicações via satélite, consolidando sua posição como líder de mercado.

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