O cenário político brasileiro tem testemunhado um desgaste expressivo da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não apenas nos corredores de Brasília, mas também no ambiente digital, onde sua popularidade vem desmoronando a olhos vistos. Dados recentes apontam que, entre janeiro e maio de 2025, Lula perdeu cerca de 1 milhão de seguidores nas redes sociais, em meio a uma crise que expôs não apenas a fragilidade de sua gestão, mas também o distanciamento absoluto da realidade vivida pela população.
O impacto da crise no INSS
O gatilho desse colapso virtual foi a crise envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que resultou em um verdadeiro bombardeio de críticas ao governo. De acordo com levantamento da agência de marketing digital Ativa Web, 71% das menções ao presidente no período foram negativas, chegando a um pico de 2,8 milhões de críticas em apenas 24 horas durante o mês de abril, ápice do escândalo.
A tentativa do governo de atribuir a origem dos problemas ao governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro, não surtiu efeito. Na verdade, essa estratégia foi recebida como deboche pela opinião pública, que percebeu rapidamente que as digitais do atual governo estavam por toda parte no escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias.
Os números são devastadores: só em abril, durante a operação da Polícia Federal que mirou os esquemas de fraude no INSS, Lula perdeu 240 mil seguidores, além de quedas consecutivas nos meses anteriores e posteriores — 180 mil em janeiro, 195 mil em fevereiro, 195 mil em março e 190 mil em maio.
A retórica que não cola mais
Se, no passado, discursos populistas, metáforas questionáveis e promessas vagas eram suficientes para mobilizar massas, hoje o efeito é exatamente o oposto. As redes sociais, que já foram uma ferramenta de propagação de narrativas governistas, agora se tornaram um terreno hostil para o presidente.
Recentemente, Lula tentou desviar o foco dos problemas com declarações que, no mínimo, demonstram desconexão com a realidade. Durante um discurso, chegou a afirmar que “Deus não deu água ao Nordeste”, numa tentativa de atrair atenção — mas que soou mais como provocação e desespero do que como liderança.
O fracasso dessas tentativas ficou evidente nos próprios eventos públicos do presidente. Comícios esvaziados, praças sem público e transmissões onde os organizadores sequer ousam mostrar imagens da plateia, revelam um Lula que fala, mas quase ninguém mais quer ouvir.
O problema não é comunicação, é conteúdo
Dentro do próprio campo político, ainda há quem insista em justificar essa rejeição como um mero problema de comunicação. A tese recorrente de que a esquerda não sabe se comunicar nas redes sociais, embora não seja completamente falsa, ignora o verdadeiro problema: o produto é ruim.
Não há estratégia de marketing capaz de salvar uma gestão desconectada, ancorada em ideias ultrapassadas e incapaz de responder às demandas reais da sociedade. A promessa da “picanha” que virou lenda, o crédito fácil que não chega, e uma economia que estrangula o cidadão comum tornaram-se elementos simbólicos de uma gestão em rota de colisão.
Os principais termos associados ao nome do presidente nas redes sociais entre janeiro e maio foram: “despreparo”, “desconexão com a realidade”, “populismo”, “roubo”, “INSS” e “cadê a picanha”. Sintomático, direto e impossível de ser ignorado.
O tiro no próprio pé com a operação do INSS
O episódio do INSS escancarou não apenas a incompetência administrativa, mas também a má-fé política. A tentativa inicial do governo era criar um escândalo contra o governo anterior, imaginando encontrar irregularidades que pudessem ser associadas a Bolsonaro. No entanto, o que veio à tona foi justamente o oposto: o esquema estava profundamente enraizado em sindicatos ligados à base petista e a aliados históricos do presidente.
O envolvimento de entidades sindicais, muitos deles comandados por aliados próximos, incluindo familiares de Lula, colocou o governo em uma posição extremamente delicada. A desculpa de que a fraude vinha de gestões anteriores desmoronou diante de provas concretas e da própria percepção popular, hoje muito mais crítica, informada e menos suscetível às narrativas prontas da velha política.
Reflexo nas pesquisas e nas eleições de 2026
Com pouco mais de um ano para o início da campanha presidencial de 2026, Lula se vê em seu pior momento desde que assumiu este mandato. As redes sociais, que já foram uma zona de conforto para figuras públicas, agora refletem em tempo real o crescente descontentamento da população.
As recentes pesquisas de opinião não deixam dúvidas: o governo amarga índices recordes de desaprovação, e o sentimento de frustração se alastra, especialmente entre os eleitores que, iludidos pelas promessas de campanha, agora se sentem traídos.
Conclusão: o desgaste é irreversível?
O desgaste do governo Lula não é apenas uma questão de narrativa, comunicação ou gestão de crise. É estrutural. Resulta de um modelo de governo que insiste nas mesmas práticas, nas mesmas alianças questionáveis e nas mesmas promessas vazias que já não encontram eco na sociedade brasileira.
A pergunta que fica é se esse cenário é reversível. Com a proximidade das eleições de 2026, a tendência é que esse desgaste se aprofunde, especialmente se novas crises, como a do INSS, continuarem a expor não só os erros administrativos, mas também os velhos vícios de uma política que já não convence mais.
O recado das redes sociais é claro: o Brasil mudou. Quem não mudou foi Lula.