Às vésperas de iniciar a disputa do Mundial de Clubes 2025, o Manchester City revela ambições que vão bem além de uma simples participação. Após uma temporada europeia aquém das expectativas — sem Champions League e com o título da Premier League escapando —, Pep Guardiola e seu elenco veem na competição nos Estados Unidos uma chance de resgatar o prestígio e encontrar um novo rumo.
Nova liderança com Bernardo Silva
Para essa missão tão importante, Guardiola promoveu mudanças cruciais. Pela primeira vez, ele pessoalmente escolheu o capitão: Bernardo Silva, que assume com a responsabilidade de liderar não apenas dentro das quatro linhas, mas também como voz unificadora do grupo. Substituindo Kyle Walker, cujo empréstimo ao Milan causou desconforto, Bernardo Silva é visto como um pilar de coesão, apoiado por co-capitães como Rodri, Rubén Dias e Gundogan.
A escolha não é mero símbolo: Guardiola destaca que Bernardo será exemplo de postura e conduta, especialmente em momentos de pressão. O capitão, por sua vez, reafirma vínculo com o City até 2026, mas admite a possibilidade de buscar novos voos após a competição.
Formação tática e rodízio planejado
Sem Kevin De Bruyne (já no Napoli) e Jack Grealish (em fase de recuperação, fora da lista), o City trouxe reforços que engrossam o contingente e alimentam a renovação. Rayan Cherki, Tijjani Reijnders, Rayan Aït‑Nouri e Marcus Bettinelli desembarcaram para compor o elenco, ajustando o time à exigente maratona internacional que se estende por quase um ano.
Guardiola define a competição como uma “pré-temporada” — ritmo intenso, observação rigorosa, formação e ajuste — e promete rodar o elenco sempre que necessário. A estreia contra o marroquino Wydad Casablanca no dia 18 de junho, em Philadelphia, será o pontapé desse processo.
Cenário do grupo G
Quando vencer o Mundial for preciso, será vital sobreviver ao difícil grupo G, que reúne City, Wydad, Al‑Ain e Juventus. Rompendo a lógica tradicional, o torneio redistribui confrontos, testando times de diversos continentes, com o City abrindo caminho diante do Wydad, seguido pelo duelo com o time dos Emirados e o embate final com a poderosa Juventus.
O peso do futebol brasileiro
Entre os concorrentes, quatro clubes brasileiros marcam presença: Palmeiras, Flamengo, Botafogo e Fluminense. Mas é a análise de Bernardo Silva que chama atenção: para ele, o Flamengo, sob a batuta de Filipe Luís, “está um pouco acima” — seguido por Palmeiras e Botafogo, times que vêm se consolidando como força global.
Essa admiração se baseia não só nas exibições, mas também no respeito por estilos de jogo. O camisa 20 dos Citizens relembra que o confrontou o Fluminense em 2023 e ficou surpreso com a técnica e postura competitiva do rival — e espera reencontrá-lo em futuras fases.
Motivação renovada
Para a maioria dos titulares do City, trata‑se da primeira chance real de conquistar o título mundial, o que os motiva profundamente. Guardiola, fiel ao seu estilo, não deixa que cansaço ou excesso de partidas desencorajem: “Não há tempo para desperdício”, resume.
Mais do que a busca por um troféu, Guardiola quer reforçar uma identidade: ser uma equipe capaz de impor seu jogo em qualquer gramado do planeta. “É o começo da temporada”, lembra, já projetando a sequência após a copa: preparações, ajustes, calendário europeu.
O capitão Bernardo Silva: elo entre gerações
A escolha de Bernardo Silva vai além de simbolismos: é um recado aos novos reforços, aos jovens como Haaland, que já surgem com liderança emergente. Para Guardiola, Haaland também precisa absorver valores além do talento. O capitão-personagem, portanto, será mentor dentro e fora do campo.
E Bernardo Silva não perde a oportunidade de elogiar o futebol brasileiro — inclusive o Palmeiras. Apesar de críticas internas no City (como a escolha do capitão ou desfalques como Grealish), Silva se mostra alinhado ao projeto, comprometido, pronto para a jornada mundialista.
Considerações finais
Estamos diante de um momento especial para o Manchester City: transição, reconstrução e a possibilidade de retomar o patamar máximo do futebol global. O Mundial de Clubes surgiu como uma ponte entre temporadas, um palco de afirmação pessoal e coletiva.
Guardiola não foge de desafios: ao contrário, constrói com método — lideranças escolhidas a dedo, craques que lideram pelo exemplo, elenco renovado gasto à ritmos de jogo. Se vencer, será uma espécie de redenção após os tropeços no futebol europeu; se não, ainda restará o legado de uma temporada bem iniciada e planificada.
O duelo contra o Wydad será o início dessa jornada — e já serve como síntese: a tônica é adaptação, inteligência, reverência à cultura futebolística e, claro, fome de glórias. Quem vencer esse embate, terá embalado a confiança necessária para alçar voo rumo ao topo do torneio.
Por fim, é impossível ignorar o respeito que o futebol brasileiro despertou — e a reciprocidade que a torcida mundial nutre por times como Palmeiras, Flamengo, Botafogo e Fluminense. O Mundial não é apenas uma disputa entre clubes: é um encontro de mundos, culturas, tradições. E para o City, neste momento de recomeço, que esse encontro se traduza em gols, orgulho e títulos.